Cinco artistas que levam a cabo a sua atividade na APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra foram convidados pela Escola Secundária José Falcão para expor obras da sua autoria e também conversar com os estudantes sobre o processo criativo e o desenvolvimento das respetivas identidades artísticas. Esta sessão teve lugar ontem e permitiu a Nelson Pires, Sara Barros, Valdemar Cordeiro, Julieta Santos e Ricardo Rebola responder a perguntas de alunos da área das artes, dos 10.º e 11.º anos, mas também explicar como se têm desenvolvido os respetivos percursos e as suas motivações.
Nesta iniciativa, promovida pelo Grupo de Educação Especial daquele estabelecimento de ensino e pela APCC, esteve ainda presente a professora de artes plásticas, e vice-presidente da Associação, Suzete Azevedo, que teve a oportunidade de falar sobre o papel da arte na desconstrução de estereótipos e na promoção da participação social. Com a exposição “A Arte na Ponta dos Dedos”, que estará patente na Escola José Falcão até 13 de dezembro, são também aquelas dimensões que são reforçadas, além do convite à fruição da arte pela arte.
Ao visitar “A Arte na Ponta dos Dedos”, encontrará cinco formas diferentes de expressar outras tantas formas de ver e organizar o mundo: a de Nelson Pires, em que sobressai a intensidade do traço, em linhas e formas contorcidas que vão encontrando espaço na folha em branco e propõem uma leitura bastante além da realidade e dos cânones da pintura figurativa; a de Sara Barros, cujo vívido uso da cor produz obras de uma luminosidade e exuberância incomuns, com uma abordagem de grande fôlego que parece instilar vida às personagens que retrata; a de Valdemar Cordeiro, que apresenta uma leitura da envolvência em que a linha do horizonte se submete a um ponto de vista indeterminado e em que os planos se confundem, numa espécie de fascínio simultaneamente austero e belo; a de Julieta Santos, feita de composições minuciosas, com cada linha atenta ao todo em que se insere, mas também expressiva por si mesmo, e um uso eloquente e cuidadoso da cor, que acentua a fluidez de cada obra; e a de Ricardo Rebola, em que se exalta a cor através de explosões cromáticas feitas de pura emoção, tomando o exagero como traço distintivo e mudando a aparência exata do real.
As obras destes cinco artistas, sendo eminentemente pessoais e inimitáveis, inserem-se numa conceção concretizada na APCC de permitir aos utentes enquadrar a sua dimensão artística na própria história das artes plásticas, tanto enquanto criadores, como enquanto recetores ou consumidores. É neste contexto que se procura promover a sua entrada nos circuitos ‘normalizados’ da produção artística, recusando dessa forma rótulos como ‘arte inclusiva’, em si próprios geradores de exclusão.
O resultado deste trabalho pode ser visto no Instagram, sendo a aquisição das obras feita através do envio de uma mensagem para o mail informacao@apc-coimbra.pt, que pode também utilizar para obter mais informações.
São várias as atividades de índole artística desenvolvidas no âmbito do Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) da APCC, nomeadamente: música (nas vertentes da musicoterapia, educação musical e expressão musical), teatro (tanto através de dinâmicas no âmbito da expressão dramática, como de apresentações ao público) e artes plásticas (na pintura, escultura, multimédia e outros campos).








