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APCC deixou sementes de reflexão sobre participação e Direitos Humanos na Escola Artística do Conservatório

O desafio/convite para a realização de um colóquio, lançado à APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra pela Escola Artística do Conservatório de Música de Coimbra, foi feito com o mote “A (d)eficiência humaniza-nos”, mas logo nos primeiros momentos da iniciativa, que decorreu ontem, se percebeu que a reflexão proposta pelos representantes da Associação – Cristina Soutinho, diretora técnica do Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral e membro da Direção, e Paulo Jacob, coordenador do Departamento de Música – seria bastante profunda e até provocatória. E começou desde logo com a sugestão de acrescentar um ponto de interrogação ao nome daquele encontro…

No Pequeno Auditório da Escola Artística, e perante diversos estudantes e professores daquele estabelecimento de ensino, a conversa começou logo pelo questionamento da forma como tem vindo a mudar o olhar da sociedade para a deficiência, incluindo nessa equação os próprios técnicos da área e a comunidade escolar: de uma visão baseada na dimensão física, para uma perspetiva social e de direitos da pessoa com deficiência, do foco na incapacidade para a valorização da capacidade.

A experiência e o trabalho da APCC no campo das artes plásticas e performativas, e em particular na área musical, não podiam ter ficado de fora, sobretudo depois de ter sido vincada a importância da ideia e da prática da participação, enquanto motor da verdadeira inclusão. Assim, foi explicado como a música (que é introduzida no trabalho com os utentes logo em crianças) pode ser um veículo primordial para abrir canais de comunicação entre pessoas, tenham ou não deficiência, criando dessa forma condições para que todos possam efetivamente participar.

Numa mesa que contou também com a participação de Hugo Brito, subdiretor do Conservatório de Música de Coimbra, não deixou de ser ainda apontado como a realização daquele colóquio foi particularmente adequada ao coincidir com o Dia Internacional dos Direitos Humanos, mais até do que na intenção inicial de assinalar o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3 de dezembro), por todos os temas abordados se situarem na órbita dos direitos universais. Por estes motivos, a discussão foi particularmente profícua, dadas as sementes de reflexão que deixou – como foi possível concluir desde logo a partir das diversas e interessantes participações da plateia.

A intervenção na comunidade, sensibilizando a sociedade para a questão da deficiência e interagindo com parceiros para operar a mudança, é uma das vertentes da atividade da APCC. Dela faz parte ainda o trabalho direto com milhares de utentes e suas famílias, em áreas como a habilitação e reabilitação, capacitação para a inclusão, reabilitação social, formação profissional, residências, recursos para a inclusão, formação de professores, reabilitação profissional, vida independente, apoio domiciliário e transportes, entre outros.