A comunicação aumentativa, o papel da inteligência artificial na comunicação e a estimulação visual no défice visual cerebral foram os principais tópicos de discussão no 3.º Encontro de Terapeutas da Fala a Intervir na Paralisia Cerebral, que se realizou no passado dia 22 de novembro, no Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral de Coimbra. Nesta iniciativa, organizada pela APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, marcaram presença (de forma presencial e online) profissionais de vários pontos do País, que aportaram as suas experiências pessoais e um forte interesse em conhecer outras realizadas e contextos de intervenção.
No contexto da intervenção realizada no Centro de Reabilitação da APCC, em particular, foi possível ao Departamento de Terapia da Fala dar a conhecer um estudo de caso em comunicação aumentativa e os resultados preliminares de um questionário sobre o uso daquele tipo de intervenção na alimentação de crianças com paralisia cerebral. Aquela é, de resto, uma área em desenvolvimento na Associação e que tem merecido atenção particular da equipa de terapia da fala: ainda recentemente, foram realizadas sessões de divulgação dirigidas a colaboradores e promovido um curso de formação para profissionais do setor da educação.
Fazendo jus ao modelo de intervenção interdisciplinar levado a cabo pelas equipas do Centro de Reabilitação, também o Departamento de Terapia Ocupacional teve espaço de intervenção, tendo sido apresentada uma investigação relativa ao défice visual cerebral – já distinguida com um Prémio Essilor da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e uma menção honrosa para Melhor Comunicação Livre no 1º Congresso Multidisciplinar sobre Paralisia Cerebral – que propõe a criação noutras instituições de espaços para estimulação visual e equipas multidisciplinares.
Este Encontro contou ainda com uma apresentação dedicada ao tema “Conversas do Futuro: Inteligência Artificial na Missão (Im)possível de Comunicar”, a cargo de Marta Pinto, membro da APELA – Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica. Tratou-se, portanto, de uma iniciativa rica em partilha de conhecimentos, que promoveu uma reflexão importante sobre abordagens inovadoras no apoio a pessoas com paralisia cerebral. Na perspetiva da APCC, foi também mais uma forma de evidenciar o compromisso contínuo da instituição com a melhoria das práticas terapêuticas.
A terapia da fala é uma das áreas de intervenção das equipas do Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral, onde é desenvolvido um modelo interdisciplinar e colaborativo, centrado na família e nas suas necessidades e da criança. O trabalho realizado, em que a reabilitação é entendida como um processo global, contínuo e dinâmico, com impacto na vida de utentes, famílias e comunidade, pretende levar a que os diferentes atores se tornem facilitadores e promotores do processo habilitativo.