Do “Amanhecer” ao momento de “(Dormir) em direção ao sonho”. Assim decorreu o concerto de apresentação de “Amor Dimensional”, com os Ligados às Máquinas a proporcionaram uma inesquecível viagem da primeira à última canção do seu disco de estreia, mas também por outros lugares, diversas sensações e intensas emoções. A Sala Grande da Oficina Municipal do Teatro foi, assim, testemunha de um inesquecível encontro da orquestra de samples da APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra com o seu público, a sua comunidade.
Logo à partida, a data era particularmente simbólica: 25 de abril. Celebrou-se a Liberdade de criar, de participar, de ser. E os membros do grupo ‘discursaram’ – através dos sons da sua manta de retalhos sonora – sobre sonhos, direitos, vontades e conquistas. Mas fizeram mais do que apresentar o seu ‘programa’ feito de canções: nesta espécie de cerimónia oficial de comemoração do Amor, mostraram mais uma vez que a música pode ser o material de que se constroem os fios inquebráveis que tecem a diversidade.
Os intensos ensaios garantiram que todos os samples tenham sido reproduzidos como planeado aquando da composição dos temas, mas o mais importante deste concerto foi que cada som transportou uma emoção: alegria, saudade, espanto e tantas mais quantas as pessoas que não quiseram deixar de marcar presença. Recompensados com generosos e longos aplausos, os Ligados às Máquinas agradeceram o carinho com largos sorrisos e a promessa – que não precisou de ser expressa – de que continuarão a emocionar.
O concerto de apresentação nacional de “Amor Dimensional” resultou de uma parceria entre a APCC e o Teatrão, com o apoio da Omnichord. O álbum, editado no final do ano passado, está disponível em vinil (em duas versões, preto e mármore) e pode ser adquirido através do Bandcamp. Também o pode escutar nas plataformas digitais.
Fundados na APCC há 12 anos, os Ligados às Máquinas são, provavelmente, a primeira orquestra de samples composta por músicos em cadeiras de rodas do mundo. A sua música é uma construção sui generis: junta pedaços cuja conciliação pode parecer forçada ou mesmo impossível, para apresentar um todo unificado e harmonioso que, muito provavelmente, não soa a nada que já tenha escutado até hoje. Já se apresentaram ao vivo em vários pontos do país, através de espetáculos em nome próprio ou da participação em projetos colaborativos.
A música é uma das várias áreas do campo artístico dinamizadas na APCC, com quatro grupos atualmente em atividade. No âmbito do Departamento de Música, o trabalho desenvolve-se também através de intervenções ao nível da musicoterapia, educação musical adaptada e expressão musical adaptada.









