Para contar como foi a estreia de “Oficina para (Re)ver o Mundo”, vamos começar pelo fim, porque é impossível ignorar que aquele foi um espaço onde se vislumbraram um casamento de dinossauros, um punk, o Monstro do Lago Ness, um arco-íris de uma só cor, um presépio ou um coração à espera de ser completado… Afinal, foi isso que viu, no passado sábado, o público da nova oficina-espetáculo do Projeto Estúdio, numa manhã em que a livraria Faz de Conto foi anfitriã e o livro “Verbena e Colibri” voltou a ser inspiração para uma criação daquele grupo de teatro da APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra!
Mas antes de desenharem a códigografia que provocou visões tão diferentes – até prova em contrário, aquela é uma palavra inventada e o seu significado do exclusivo conhecimento de quem assistir a esta oficina – já os participantes tinham podido piscar os olhos, passar o livro e ouvir a história. E escrevemos participantes porque o desafio do Projeto Estúdio volta a ser para que os espectadores façam parte da performance, construindo a narrativa em tempo real com os elementos do grupo, razão para que fiquemos por aqui quanto a pormenores adicionais, porque há mais duas apresentações para serem realizadas…
Sim, “Oficina para (Re)ver o Mundo” estará ainda em outras duas livrarias parceiras: hoje mesmo na Casa do Castelo, às 10H30, e amanhã na Almedina Estádio, às 11H00. São sessões de entrada livre e para todas as idades, bastando partilhar da vontade de conhecer o mundo, o outro e a nós mesmos.
Esta é a primeira das três oficinas-espetáculo que integram o programa do Projeto Estúdio para 2025, denominado “É urgente – uma equação que tem de dar 50” e que parte do verso de Eugénio de Andrade «É urgente permanecer» para, nos 50 anos da APCC (em cujas comemorações se insere), questionar o que é, hoje, urgente e como se permanece em urgência numa casa tão grande – quer se trate do País ou da própria instituição.
Além das livrarias já mencionadas, são também parceiros deste programa os Ligados às Máquinas (a orquestra de samples da APCC), a editora BOCA, A Escola da Noite, a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, o Convento São Francisco, a Rádio Universidade de Coimbra, o Teatrão e o Teatro Académico de Gil Vicente.
O Projeto Estúdio propõe-se, desta forma, a continuar a experimentar o lugar do livro, da palavra e do espetador enquanto participante – caminho que tem vindo a marcar a sua atividade – e dá continuidade direta aos programas “Uma sombra é para…” (2023 e 2024) e “FLORescente” (2022). Do trajeto deste coletivo teatral – que é coordenado pela atriz e professora de teatro Adriana Campos – constam ainda “Cem linhas”, um espetáculo que foi igualmente um livro (2016), e as ‘aberturas’ da Loja de Vender Poetas (2018) e da Loja de Vender FI (2019).
O Projeto Estúdio é um dos dois grupos teatrais em atividade na APCC, no âmbito das diferentes áreas artísticas que constituem uma parte importante da ação da instituição enquanto promotora da inclusão social. É desenvolvido tanto através de dinâmicas no campo da expressão dramática, como de apresentações a públicos diversos.