APCC

Mais de uma década de encontros musicais: a história dos Ligados às Máquinas foi contada em encontro ibero-americano sobre música e inclusão

Mais de uma década a cruzar sons e estilos, num percurso que começou entre quatro paredes na APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra e tem vindo a encontrar-se com o público em várias plataformas e contextos. Foi esta viagem que Paulo Jacob, membro dos Ligados às Máquinas, recordou ontem, durante os Encontros Exploratórios sobre Prática Musical Inclusiva em Portugal, numa apresentação com o título “Da instituição para o palco – o processo de Participação no coletivo musical Ligados às Máquinas”.

O também musicoterapeuta e professor de música na APCC – que aproveitou ainda para enquadrar o trabalho realizado na Associação no campo musical – abordou as diferentes dimensões nas quais a trajetória daquela orquestra de samples se afirma de grande relevância no contexto de uma música verdadeiramente para todos e por todos, ou seja, capaz de garantir a participação social.

Desde logo, enquanto projeto artístico capaz de agregar o seu público, mas também como exemplo da forma como tecnologia e arte podem confluir para criar novas possibilidades de criação a pessoas com graves limitações motoras, ou da possibilidade de construção de uma verdadeira comunidade artística – visível na participação em diversos projetos colaborativos e na congregação de artistas nacionais que viria a resultar na edição do primeiro disco do grupo, pela Omnichord.

Foi, aliás, com alguns temas de “Amor Dimensional” que terminou a apresentação de Paulo Jacob, além de um convite para os concertos que se avizinham. Até lá, podem ouvir o álbum nas plataformas digitais e comprar o vinil (disponível em duas versões, preto e mármore) através do Bandcamp.

Os Encontros Exploratórios sobre Prática Musical Inclusiva em Portugal tiveram lugar nos dias 25 e 26 de março, no CEIRA – Centro Interativo da Ruralidade de Arronches, tendo sido promovidos pela Direção-Geral das Artes. Estiveram reunidos especialistas, músicos, educadores e agentes culturais e sociais de Portugal e de países do Espaço Cultural Ibero-Americano, num debate e partilha sobre metodologias inovadoras, desafios e oportunidades da prática musical como ferramenta de inclusão.

Os Ligados às Máquinas são um inovador projeto musical de originais, construídos a partir da combinação de amostras sonoras dos mais diversos estilos musicais, formando dessa forma uma verdadeira ‘manta de retalhos sonora’. O grupo constitui a primeira (e provavelmente a única) orquestra de samples em cadeiras de rodas do mundo, tendo participado nas sessões de gravação do seu disco de estreia Andreia Matos, Dora Martins, Fátima Pinho, Hélia Maia, Jorge Arromba, José Miguel Morgado, Luís Capela, Mariana Silva, Pedro Falcão e Sérgio Felício, cabendo a coordenação a Paulo Jacob.

A música é uma das várias áreas do campo artístico dinamizadas na APCC, com quatro grupos atualmente em atividade. No âmbito do Departamento de Música, o trabalho desenvolve-se também através de intervenções ao nível da musicoterapia, educação musical adaptada e expressão musical adaptada.